Acesso a arma de fogo causa 65% dos homicídios em São Paulo
Apesar da taxa de assassinatos cair em dez anos, muitos bairros possuem índices acima da média na cidade, aponta estudo.
O fácil acesso a armas de fogo tem sido letal à população paulistana. É o que aponta um estudo realizado pelo Instituto Sou da Paz, que apresenta um diagnóstico participativo sobre o controle de armas na cidade. Segundo o levantamento, dos 11,25 homicídios por 100 mil habitantes registrados em 2009, cerca de 65% - quase dois em cada três - foram causados por arma de fogo.
Embora a taxa de assassinatos tenha diminuído 80% nos últimos dez anos, passando de 52,58 por 100 mil habitantes, em 1999, para os atuais 11,25, milhões de pessoas ainda vivem em bairros que possuem índices de homicídios por arma de fogo muito acima da média da cidade. “Por isso, o que pretendemos com o estudo é mostrar que a situação ainda está longe de ser aceitável. Precisamos lançar um desafio para que todos os distritos do município consigam chegar a uma taxa de um dígito, considerada aceitável pela OMS (Organização Mundial da Saúde)”, explica Denis Mizne, diretor do Instituto Sou da Paz.
De acordo com o estudo, sete em cada 10 assassinatos na cidade acontecem por razões banais, sendo que um em cada quatro acontece por motivo fútil. Segundo Mizne, esses crimes poderiam ser evitados caso o acesso a armas fosse mais difícil. “A cada cinco assassinatos, um acontece por desavença ou vingança, enquanto 11% são por ciúmes. Esses tipos de situações não chegariam a essas consequências caso essas pessoas não tivessem arma.”
Minze explica que esses tipos de crime acontecem, em sua maioria, em locais distantes dos principais centros urbanos. “São regiões onde houve uma urbanização desorganizada. O Estado não controlou a expansão da cidade, e deixou que fossem criadas comunidades sem logística ou um plano urbano. E como o Estado não consegue mediar os conflitos, as pessoas resolvem com as próprias mãos. A cultura da violência é muito valorizada nessas áreas.